Anos 1970, durante a ditadura militar no Brasil, Chico Santos, cineasta de Duque de Caxias, sonha em produzir filmes inspirados nas histórias de banditismo da cidade onde mora. Um dia, ele conhece o renomado cineasta Nelson Pereira dos Santos, que se interessa por um de seus roteiros. Cerca de um ano depois, uma equipe extremamente heterogênea, formada pelas diferentes tribos da época chega a Caxias. De um lado jovens hippies de classe média engajados na luta contra a ditadura, do outro, trabalhadores do audiovisual oriundos das classes populares, entre eles o próprio Francisco.    

Em 1975 é lançado “O Amuleto de Ogum”, um faroeste urbano com toques místicos, que se tornou um marco no cinema brasileiro e na história de Caxias.  O protagonista, um jovem pistoleiro, tem o “corpo fechado” devido a um amuleto recebido em um ritual de umbanda. 

Apesar da temática popular e de uma estreia arrebatadora no Cine Paz em Caxias, o filme não chegou às salas de cinema da Baixada Fluminense na época.

Anos 2000, uma dupla de cineastas de Duque de Caxias decide resgatar essa história e empreende uma busca, 50 anos depois, pelos membros da equipe e do elenco e pelos descendentes de Chico Santos. Revisitando as locações reais do filme, promovendo sessões de O Amuleto de Ogum para o público atual e mergulhando em uma vasta pesquisa de imagens, sons e jornais da época, Amuleto nos leva de volta ao que foram aqueles dias.

Os diretores de Amuleto, Heraldo HB e Igor Barradas nasceram e cresceram em Duque de Caxias (RJ), região da Baixada Fluminense e estão profundamente envolvidos com o ativismo cultural da região e sua história. Eles pesquisam o cinema e os cineastas de Duque de Caxias há cerca de 20 anos e por meio deste engajamento, localizaram personagens fundamentais para o documentário Amuleto. Parte destes personagens registrados pelo filme faleceram ao longo dos anos de filmagens, sendo este seu último ou único registro audiovisual contando a história das filmagens de O Amuleto de Ogum. Realizado durante a ditadura militar, o filme é um marco para a cinematografia brasileira.  Ao mesmo tempo, a equipe central de criação, formada pelos diretores, produtora, roteirista e montador, vem desenvolvendo em Duque de Caxias um cineclube chamado “Mate com Angu”, onde são exibidos e produzidos curtas-metragens alternativos, além de oferecidas oficinas de cinema para o público local, regional e nacional. O projeto mais recente do coletivo audiovisual é a Escola Livre de Artes da Baixada Fluminense, formação curta em cinema realizada em parceria com o Gomeia Galpão Criativo. 

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